Interações Medicamentosas e o CBD

Interações Medicamentosas e o CBD

Farmacologia e CBD

A farmacologia é a ciência que estuda os efeitos de uma substância química sobre a função dos sistemas biológicos, fundamentalmente dependendo da interação substância/organismo. A farmacologia é a ferramenta indispensável para os profissionais da área de saúde que lidam direta ou indiretamente com a prescrição.

E o que são interações medicamentosas?

Interações medicamentosas são um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental.

Constitui causa comum de efeitos adversos. Ou seja, uma interação que pode acelerar ou retardar a decomposição de determinados compostos pelo organismo e portanto, aumentar/diminuir a concentração desses medicamentos no corpo.

Exemplo:

De aumentar a concentração de CBD no sangue:

● Medicação para a epilepsia;

● Medicação para rejeição de transplante;

● Metadona;

● Alguns antidepressivos; anticoagulantes, nicotina, lítio, cetamina; 

Pode interagir de outras maneiras com outros medicamentos como por exemplo: Sedativos, como:

● benzodiazepinas,

● fenobarbital e morfina,

● álcool;

● Fenitoína e rifampicina;

● Anticonvulsivantes;

Contudo, o CBD tem um ótimo registo de segurança.

O possível problema é que, quando consumido com outras medicações, toma toda a atenção do fígado, fazendo com que o mesmo não “preste tanta atenção” a uma próxima substância a ser metabolizada.

A enzima citocromo P450, distrai-se com o CBD e isso pode impedi-la de decompor outra medicação presente.

É aí que ocorre o efeito adverso, devido às substâncias serem deixadas no corpo tempo demais. A interação com substâncias está então dependente de:

● Dosagem de CBD.

Até hoje não foi fixada nenhuma dosagem que indique o ponto a partir do qual o CBD não interage, contudo o recomendado será iniciar a administração pelas percentagens mais baixas e assim também, mais seguras!

● Modo de ingestão.

Inalados/fumados/vaporizados vão diretamente para o pulmão, não é metabolizado pelo fígado, assume portanto um perfil mais seguro aquando as interações.

Oralmente, como cápsulas e óleos, são metabolizados aquando da toma. Aumenta a possibilidade de interação se a toma for feita em conjunto.

AS DIFERENÇAS ENTRE CANABIDIOL INALADO E ORAL

Quanto mais os tecidos do corpo estiverem em contacto com os nossos vasos sanguíneos, menos barreiras a substância que consumimos terá para chegar ao nosso sangue e daí ao seu alvo terapêutico no corpo. Daí as medicações intravenosas terem efeitos imediatos.

Substâncias inaladas têm um efeito quase imediato. Pulmões possuem um grande número de pequenos vasos sanguíneos que transportam sangue oxigenado para o nosso corpo. No caso da farmacocinética do canabidiol, quando inalamos, eles exercem o seu efeito mais rapidamente, pois é dada a metabolização da cannabis bem mais aceleradamente, graças às enzimas das células pulmonares em contacto com a corrente sanguínea, não existindo barreira entre os canabinóides e o nosso sangue. 

Por via oral, o efeito do canabidiol ocorre de forma mais retardada, pois existem mais barreiras para que os medicamentos cheguem à corrente sanguínea. Atravessam as paredes do trato gastrointestinal para chegar ao fígado, ser metabolizado e só após, ser transportado através do sangue. Pode ser também, óleo parcialmente absorvido pela membrana sublingual, mas o resto, decorrerá o processo normal de absorção.

A maior incidência de interações entre o CBD e medicamentos está relacionado com o consumo simultâneo de substâncias que também são metabolizadas pelo fígado.

Tanto os cannabinóides, quanto a substância concomitante, ao interagirem com as enzimas hepáticas que precisam de ser metabolizadas, podem causar o acúmulo de uma das duas e dar origem a efeitos adversos.

CBD inalado é parcialmente metabolizado nos pulmões, reduzindo assim a possibilidade de interações com substâncias que são metabolizadas pelo fígado. É uma das vantagens de usar o canabidiol na via aérea.

Alterações na Farmacodinâmica

A farmacodinâmica refere-se aos efeitos que uma substância exerce sobre o corpo. As interações farmacodinâmicas são aquelas que ocorrem quando substâncias com os mesmos alvos farmacológicos são consumidas, ou seja, duas substâncias que atuam nos mesmos sítios de ação, na mesma célula, receptor ou enzima, resultando numa resposta aditiva, sinérgica ou antagônica ao efeito de uma ou duas substâncias.

Ao usar CBD em conjunto com outros medicamentos é crucial considerar as interações farmacodinâmicas.

Efeitos que podem ser observados com as interações medicamentosas com o CBD:

Geralmente leves:

● Náusea

● Diarreia

● Fadiga

● Tonturas

● Dores de cabeça

● Ansiedade

● Aumento de enzimas Hepáticas

● Aumento da atividade anti-inflamatória, ou seja, dose de anti-inflamatório pode ser diminuída se forem administrados concomitantemente com cannabinóides como o CBD/CBG.

Como ambos são metabolizados no fígado, reduzir os AINES também ajudará a evitar efeitos tóxicos.

Cada vez mais surgem informações sobre as interações, considerando que cada vez mais, são aprovadas verbas para o estudo e desenvolvimento da cannabis no contexto medicinal.

Qualquer medicação com um índice terapêutico estreito justifica cautela e monitoramento atento do uso de CBD em decorrência da possibilidade de interações medicamentosas.

Resumindo...

Quando o nosso organismo entra em contacto com medicamentos que são metabolizados por via hepática (fígado), dependendo de qual for o “primeiro a chegar”, a dosagem e a interação ocorrem de formas diferentes no organismo. Sendo que...

Por exemplo prático...

Um doente toma a sua medicação diária para ansiedade e logo após toma o CBD. O primeiro a chegar ao fígado para ser metabolizado será o medicamento ansiolítico. Enquanto o fígado está “distraído” a “digerir” esse medicamento, o CBD chega “por trás” e não pode ser reconhecido pelo fígado pois ele já tem a sua atenção virada para o medicamento. Assim sendo, o CBD atua com a força toda, “por trás” e enaltece o efeito ansiolítico, pois já ele próprio tem também essas propriedades.

Esta interação pode ser vantajosa ou não e aí, é o paciente que sente conforto ou desconforto perante essa situação. Pois se o paciente se sente bem e sente que o efeito do ansiolítico expandido, lhe é útil no seu dia a dia, aqui torna-se uma situação vantajosa. Se o paciente sente que o entorpecimento é elevado demais e acaba por lhe transtornar e impactar o bem-estar, já se torna numa situação nada vantajosa e até inconveniente.

Claro, que com a utilização do CBD, a melhor proposta seria o paciente através do suplemento natural conseguir obter os efeitos ansiolíticos desejados e dar início ao desmame gradual da medicação, até não ter necessidade de recorrer a drogas sintéticas para colmatar as suas carências.

A pessoa não recorre tanto à medicação prescrita, e também gradualmente estimula o sistema endocanabinóide a fim que ele se aprenda a autorregular.

O importante de salientar é que cada caso é um caso e cada sistema Endocanabinóide, é um sistema próprio e autêntico.

Devido a tantos fatores sensíveis é importante perceber a ajuda das nossas equipas formadas para auxiliar em questões de administração concomitantes assim como nunca abdicar da consulta de entidades de saúde devidamente qualificadas para o estudo de cada caso específico que cada consumidor especificamente carrega.

Esperamos ter ajudado a que possa perceber melhor a sinergia desde canabinóide, em que forma ele nos pode ajudar e a forma mais segura de o fazer!